Uma criança de 10 anos de idade está entre os três casos suspeitos de Covid-19 em investigação no Rio Grande do Norte. A doença é causada pelo novo coronavírus. Além da criança, que é do sexo feminino, há outras duas mulheres em observação – uma de 28 anos e outra de 45.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), as três apresentam sintomas gripais leves e vieram de locais com surto de coronavírus. A criança esteve em um cruzeiro que passou por Hong Kong, na China e as outras duas mulheres estiveram na Itália.
A criança já era observada pelas autoridades sanitárias desde sexta-feira (21), quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) transmitiu a informação para a Sesap de que a menina esteve em um cruzeiro que passou por Hong Kong. O caso virou suspeito após a criança apresentar coriza.
Já a mulher de 28 anos procurou um hospital particular para relatar os sintomas. Depois disso, ela foi encaminhada para o Hospital Giselda Trigueiro. A de 45 anos foi diretamente ao Giselda nesta quarta-feira.
A informação divulgada anteriormente pelo Agora RN, de que uma idosa estava entre os casos suspeitos, foi negada pela Sesap.
A Secretaria de Saúde reforçou que ainda está “apurando os fatos” para determinar se os casos são suspeitos de coronavírus. Para se enquadrar em tal categoria, é necessário que outros critérios sejam atendidos, como não enquadramento em outras doenças, como gripe comum.
O médico infectologista André Parente, diretor-geral do Hospital Giselda Trigueiro, de Natal, explicou que, como as pacientes apresentam sintomas leves, todas estão em isolamento domiciliar. Elas usam máscaras e terão de adotar uma série de procedimentos para evitar o possível contágio para outras pessoas, como lavar as mãos com mais frequência.
Amostras de sangue das três pacientes foram recolhidas e serão submetidos a exames laboratoriais. Os resultados devem ser divulgados em até 24 horas.
Nesta quarta-feira, o Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso da doença no País. Trata-se de um paciente de 61 anos, morador de São Paulo (SP), que viajou à Itália entre os dias 9 e 21 de fevereiro. Além dele, havia no fim da manhã outros 20 casos em investigação e 59 suspeitas já foram descartadas.
A Itália tem registrado um surto da doença desde o fim da semana passada, com 374 casos confirmados e 12 mortes. Já na China, epicentro do surto, já são mais de 78 mil casos confirmados e 2.718 mortes.
Ala de isolamento
A Sesap montou no Hospital Giselda Trigueiro, no bairro das Quintas, na Zona Oeste de Natal, uma enfermaria com 25 leitos para o atendimento de possíveis casos coronavírus diagnosticados no Rio Grande do Norte. Além dele, também foi designado o Hospital Maria Alice Fernandes, na Zona Norte, para atuar na retaguarda para o tratamento de possíveis doentes.
Ministro descarta restrição a viagens
Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, descartou dificultar a entrada de estrangeiros no Brasil como uma das medidas para conter o avanço do coronavírus. Ele comparou a Covid-19 a uma gripe comum e lembrou que a taxa de letalidade é relativamente baixa (próximo de 2%).
“Perguntaram-me por que não fechar [as fronteiras]. Isto não existe. Não tem eficácia nenhuma. Esta é mais uma gripe que a humanidade vai ter que atravessar. Das gripes históricas, esta tem letalidade menor e tem uma transmissibilidade similar à de determinadas gripes que a humanidade já superou”, acrescentou o ministro.
“Nosso sistema já passou por epidemias respiratórias graves, como a do H1N1, e vamos atravessar mais esta situação investindo em pesquisa e na clareza de informações”, pontuou.
Segundo o ministro, que é médico, as formas mais eficazes de o país evitar a disseminação da doença são dotar a rede de saúde nacional da capacidade de identificar e testar os casos suspeitos rapidamente, e, em caso positivo, adotar os procedimentos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo ministério.
Além disso, a população deve intensificar os cuidados recomendados para qualquer tipo de gripe, como evitar aglomerações desnecessárias.
“O brasileiro precisa aumentar o número de vezes que lava as mãos e o rosto com água e sabão ao longo do dia. Este é um hábito extremamente importante, não só para evitar problemas respiratórios, mas também outras doenças”, afirmou o ministro, recomendando que as pessoas também evitem compartilhar copos e outros utensílios que possam transmitir o vírus por meio da saliva.
Agora RN
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