O Centro de Natal parece estar em constante feriado. Com achegada da pandemia do novo coronavírus ao Rio Grande do Norte, ruas sem movimentos e lojas e restaurantes vazios refletem que parte dos potiguares aderiram a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) de permanecer em casa como medida de prevenção.
O médico infectologista Demétrius Montenegro informa que o uso da máscara é indicado para quem está doente ou vai ter contato muito próximo com alguém que apresenta sintomas, como tosse e febre. “Se você não lava as mãos, a máscara não vai servir de nada. Não existe uma fumaça de vírus que, se você passar por ela, você vai ser infectado”, explica ao destacar a importância de higienizar as mãos com frequência.
Para pessoas como Vanessa Souza, de 17 anos, essa realidade não é possível. Vendedora ambulante de açaí há cinco anos, ela diz que nunca viu as ruas da Cidade Alta sem aglomerações em dias úteis. “Eu vendia uma média de 20 litros de açaí antes do coronavírus. Hoje, não vendo nem cinco”, comenta.
O impacto econômico do Covid-19 também foi sentido por Ana Silva, de 49 anos, que viu suas vendas diárias cair de 50 para 15 saladas de frutas. “Tenho todo cuidado com a produção dos alimentos, higienizando, antes mesmo de surgir esse vírus. Mas hoje você vai em uma farmácia comprar álcool em gel e máscara e não acha. Aí fica difícil de se proteger”, desabafa.
Ambas trabalham com dinheiro, que circula facilmente entre as pessoas. Elas comentam que o uso do álcool em gel é a única medida de prevenção, já que a máscara no rosto do vendedor pode gerar preconceito e intimidação nos clientes. “Se usamos a máscara, as pessoas já acham que estamos doentes. Sem falar que aqui na Cidade não tem (máscara para vender)”, revela.
Pré-candidato ao cargo de vereador de Parnamirim, Edson Vieira comenta que não usa o os artigos, pois acredita que o vírus não tem tanto impacto no estado. “Eu sempre evitei aglomerações, lavo as mãos, mas não aderi esses novos hábitos, pois no meu dia a dia não vejo necessidade”.
No próximo dia 30, ele vai para um encontro com assessores políticos em Brasília. “Assim que eu entrar no avião, vou começar a usar o álcool em gel e máscara, porque lá (em Brasília) a situação está mais crítica que aqui. Não quero trazer nenhum vírus para o Rio Grande do Norte”, justifica.
A reunião que Edson vai participar contará com a presença de dez pessoas, nenhuma com sintomas até o dia da entrevista. No estado potiguar, os encontros do partido em que ele é coligado seguem normalmente.
Apesar de ter 36 anos, Edson faz parte do grupo de risco, pois tem asma, assim como Maria Bethânia, de 42 anos, que também tem doença pré-existente e não dispensa o uso da máscara e carrega o álcool em gel na bolsa. “Acho que para quem não tem nenhuma doença, não é preciso usar as máscaras, mas o cuidado com a lavagem das mãos é para todos”, posiciona.
Maria é atendente e continua tendo que cumprir as atividades profissionais. A maior dificuldade é utilizar o transporte público coletivo. “O mundo gira, ainda. Temos que sair de casa e no ônibus a gente acaba pegando no corrimão, na cordinha, na cadeira. Isso faz com que a gente possa pegar a doença e acabe passando para outra. Temos que ter esse cuidado para limpar sempre as mãos e não prejudicar pessoas vulneráveis”, diz.
“Sigo com cautela, mas sem preocupação”. Essa frase foi dita pelo aposentado Mucio Trindade, de 72 anos, ao afirmar que a utilização dos produtos não o impedirá de pegar o vírus. “Na minha opinião, lavar a mão protege mais do que usar o que as farmácias querem nos vender”, completa.
Já Maria do Carmo, 79, que tem doença de pele, diz que o protetor solar ganhou a companhia do álcool em gel na bolsa. Com um chapéu sombreiro, óculos de sol e máscara cirúrgica, ela dispara: “Tá vendo essa máscara no meu rosto? Passa 20 minutos e eu já fico agoniada, ainda mais nesse calor. Mas eu não deixo de usar. Tenho que me prevenir, pois morro de medo de pegar esse vírus. Vou dizer que não tenho medo, se tenho?!”.
Autoridades e profissionais da área da saúde já afirmaram que não é momento para pânico, mas de prevenção, através do uso da etiqueta respiratória e de adoção das orientações ministeriais e da OMS.
Atento aos cuidados com o corpo, o motorista Emerson Galdino, de 40 anos, estende a atenção a limpeza da casa. “Decidimos lavar a casa toda. Tirar toda poeira, deixar tudo limpinho para que a casa fique bem arejada”.
O cuidado não é só com ele, mas como toda família. A mãe de Emerson se recupera de um câncer de mama há dois anos. Aos 65 anos de idade, ela ainda tem que ficar em observação médica por mais três anos. “Por isso eu tenho uma atenção maior com ela e com meu pai, que tem 72 anos e é diabético”, complementa.
Emerson diz usar álcool em gel, mas como não apresenta sintomas do Covid-19, opta por não utilizar a máscara. Ele reclama da dificuldade em encontrar os artigos nas farmácias e supermercados. “Nesse último fim de semana eu saí de casa às 8h40 para comparar os produtos e não achei. Cheguei em casa às 14h, depois de ter percorrido parte de Parnamirim e as zonas Norte, Leste e Sul de Natal”.
O médico infectologista Demétrius Montenegro informa que o uso da máscara é indicado para quem está doente ou vai ter contato muito próximo com alguém que apresenta sintomas, como tosse e febre. “Se você não lava as mãos, a máscara não vai servir de nada. Não existe uma fumaça de vírus que, se você passar por ela, você vai ser infectado”, explica ao destacar a importância de higienizar as mãos com frequência.
Especialista orientam que o uso de álcool em gel é indicado para momentos em que não é possível lavar as mãos com água e sabão.
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